O QUE É UMA TRUFA OU TÚBERA?
Trufa designa-se por uns fungos ascomicentes, por vezes cultivados, da família das tuberáceas, de aparelho esporífero subterrâneo, e de constituição tubercular. Em regra aromáticos e comestíveis.
Também designados por Túbara ou Túbera. A qual pode ter uma forma arredondada ou irregular, devido ao terreno em que se encontra.
A trufa é um cogumelo que tem uma germinação hipogeia (frutificação subterrânea).
Elas surgem em Portugal na Primavera entre o fim de Fevereiro e o início de Maio. Têm à sua nascença uma forma minúscula aberta, no qual as suas extremidades vão-se fechar e formar a túbera. O interior da túbera vai-se organizar em veias estéreis, que depois tornar-se-ão férteis. Este conjunto de veias já autónomo forma o corpo da túbera, a qual é de cor branca e está envolta numa casca adornada por pequenas verrugas ou escamas que têm como objectivos protegê-la, e contribuir para a sua respiração e nutrição.
DESENVOLVIMENTO DA TÚBERA AO SOL
Após algum tempo de dormência, os fortes dias de calor que surgem durante os meses de Março e Abril, juntamente com as chuvas que caiem nessa altura (stress térmico) vão provocar o súbito aumento do seu ciclo. No seu interior o número de sacos de esporos vai-se multiplicar.
Os seus esporos transparentes vão escurecendo pouco a pouco. Quando o processo de escurecimento estiver concluído a túbera terá um aroma indiscutível, o qual é o indício de que ela atingiu a sua maturação. Caso elas não sejam apanhadas, começam a degradar-se, começando a libertar os esporos. O ciclo continuará através da nova germinação de alguns dos esporos e da emissão de hifas (conjunto do filamentos que constituem a parte vegetativa dos fungos) fazendo com que nasçam novas micorrizas.
AS MICORRIZAS
As micorrizas são os organismos da simbiose da arvore e o cogumelo.
A conexão entre o cogumelo e a raiz é estabelecida a partir duma rede intercelular,denominada de rede de Hartig. As micorrizas produzem as hifas de colonização que transmitem a infecção a outras raízes do cimo. Em substituição os pólos absorventes vão explorar o solo à procura de minerais.
É ao nível das micorrizas que as trocas nutritivas da simbiose têm lugar.
A árvore dá ao cogumelo os hidratos de carbono, resultado da fotossíntese, em troca a túbera dá à árvore os sais minerais (fósforo). Ele ajuda a árvore a suportar as elevadas taxas de calcário e a gerir melhor a água. são as hifas que estão no exterior das células corticais da raiz.
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A FRUTIFICAÇÃO DA TÚBERA
A frutificação é iniciada pela modificação da disposição dos filamentos micélicos que vão juntar numa estrutura celular especial. São diversos os factores que dão origem à frutificação das túberas, os quais podem ser endógenos ou exógenos: o nível da colonização de micorrizas, acumulação de reservas nutritivas, processos sexuais entre micélios, stress psicológico e/ou químico. A rapidez, brutalidade e intensidade do stress são benéficos em certos estados do seu ciclo biológico.
A NUTRIÇÃO DA TÚBERA
Os filamentos micélicos das túberas no auge das verrugas ou escamas são capazes de explorar o ambiente em volta, de absorver e distribuir os elementos nutritivos da gleba (terreno que contém minerais) pelas veias férteis, as veias estéreis têm como papel a sua respiração. Embora eles sejam divididos pela fauna que os alimenta, eles estão sempre a regenerar-se. O meio ambiente que os rodeia faz com que obtenham uma boa ventilação e que seja criada uma porosidade favorável para a túbera. Tendo o interface solo/túbera um papel fulcral para o seu desenvolvimento.
A TÚBERA E A ECOLOGIA
A vida e a morte das raízes no solo tem um papel permanente e muito importante para muitos seres vivos. A exsudação das raízes vivas alimenta os micróbios do solo de carbono. As raízes mortas entram no ciclo da matéria orgânica e contribuem para a fertilização do meio necessário para o desenvolvimento da túbera. A fauna assegura o seu trabalho indispensável de trituração, digestão, ventilação e nutrição onde a túbera prospera.
OS SOLOS PROPÍCIOS PARA AS TÚBERAS
As túberas não prosperam em todos os tipos de terrenos. em Portugal podem ser encontradas em muitas zonas do Ribatejo e do Alentejo. Zonas em que normalmente os terrenos são formados por aluvião, argilosos, os quais tenham areia.
Com uma boa capacidade de retenção de água e que a sua variação do PH seja escassa, e onde existam consideráveis variações do fósforo, potássio e matéria orgânica. normalmente podem ser encontradas junto a sobreiros, azinheiras, oliveiras, pinheiros ou arbustos. Normalmente encontram-se em zonas em que exista a erva que se encontra na figura, a qual fica vermelha quando os terrenos têm excesso de água, ou exista alteração do PH.
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FORMA DE AS APANHAR
Em Portugal não existe muita tradição na apanha e comercialização das túberas, sendo mesmo a sua existência desconhecida para maior parte dos portugueses, o que não acontece na Espanha ou França. Onde para além de serem comercializadas e muito procuradas, são também produzidas por muitos truficultores durante praticamente todo o ano. Na França existem diversos tipos de túberas mas nenhuma é idêntica às portuguesas. Tendo aromas diferentes e a sua cor não ser a mesma.